01 fevereiro, 2009

...........FÁBULAS...............

O Burro e o Mundo

Era uma vez um burro que vivia numa quinta calma e sossegada, onde era bem tratado. Mas o burro não gostava lá muito do seu trabalho, pois todo o dia andava à roda com os olhos tapados, para mover a nora e tirar água para regar.Um belo dia, o nosso burro decidiu deixar aquela vida e ir correr mundo, à procura de coisas novas e interessantes. Então fugiu e começou a sua caminhada pelos campos todos verdes. Tudo era novidade e tudo lhe agradava, até que, passado algum tempo encontrou um grupo de pessoas que estava a obrigar vários animais, como ele, a trabalhar sem descanso. Além disso estes animais eram maltratados se não trabalhassem e o burro não gostou do que viu. Continuou a sua viagem e mais adiante, viu algumas pessoas e alguns animais a lutar, porque queriam passar ao mesmo tempo por um caminho muito estreito e então pensou que afinal o mundo não era tão bom como ele tinha imaginado.Por tudo isto decidiu voltar para a sua quinta calma e sossegada, onde era bem tratado e havia paz, já que o mundo que ele viu era bastante violento.

O simplório e o tratante

Certo sujeito simplório seguia por uma estrada, arrastando seu asno atrás de si pelo cabresto, quando um par de malandros o viu; e um disse ao outro: "Vou tomar o asno daquele camarada." Perguntou o outro: "Como irás fazê-lo?" "Segue-me e verás," respondeu o primeiro. O gatuno foi até junto do asno, desprendeu-o do cabresto e entregou-o ao companheiro. Depois passou o cabresto pelo seu próprio pescoço e seguiu o João Bobo até ver que o companheiro tinha sumido com o asno; então, parou. O idiota puxou o cabresto, mas o patife não se mexeu. O burriqueiro virou-se e, vendo o cabresto no pescoço de um homem, perguntou: "Quem és tu?" Respondeu o tratante: "Sou teu asno, e minha história é espantosa. Sabe que cu tenho uma velha mãezinha muito piedosa e, um dia, cheguei junto a ela muito embriagado. Ela me disse: "Ó meu filho, arrepende-te ante o Altíssimo por esses teus pecados." Mas eu tomei meu bordão e bati-lhe, e ela me amaldiçoou, e me transformou num asno e fez-me cair em tuas mãos. Contudo, hoje, minha mãe lembrou-se de mim e seu coração ansiou por mim; e ela me perdoou ante o Altíssimo, e o Senhor restituiu-me minha forma antiga entre os filhos de Adão." Gritou o bobo: "Não há Majestade e não há Poder senão em Alá, o Glorioso, o Omnipotente! Com Alá sobre ti, ó meu irmão, perdoa-me o que tenho feito contigo, montando em ti, e tudo o mais." Então, o simplório deixou o patife ir embora e voltou para casa, bêbado de pesar e inquieto, como se tivesse tomado vinho. Sua mulher perguntou-lhe: "Que te incomoda, e onde está o jumento?" "Não sabes o que era aquele jumento; mas eu te contarei," respondeu ele. Contou-lhe a história toda, e a mulher exclamou: "Ó, ai de nós, ai de nós pela punição que receberemos do Todo- Poderoso! Como pudemos usar um homem como uma besta de carga, durante todo esse tempo?" E deu esmolas, e fez penitência, e suplicou o perdão dos Céus. O homem ficou algum tempo em casa, ocioso e inútil, até que a mulher lhe disse: "Por quanto tempo vais ficar sentado em casa, sem fazer nada? Vai ao mercado, compra-nos outro asno e vai fazer teu trabalho com ele." Então, ele foi ao mercado, parou junto ao local de venda de asnos, e lá viu seu próprio animal exposto à venda. Aproximou-se dele e, encostando a boca ao seu ouvido, disse-lhe: "Pobre de ti, que nunca procedes bem. Com certeza andaste bebendo novamente e batendo em tua mãe. Mas, por Alá, nunca mais te comprarei." E deixou-o ali e foi-se embora.

Fábula do leão, o gato e o rato

Certo gato miserável, expulso pelos aldeões e vagando pelos campos a ponto de morrer de fome, magro e desvalido, foi encontrado por um leão e salvo de sua situação desesperadora. O rei dos animais convidou o infeliz a compartir sua caverna e se alimentar das sobras de suas abundantes refeições. Porém, este não era um convite inspirado pelo altruísmo ou por algum senso de lealdade racial; era simplesmente porque o leão estava sendo molestado por um rato que vivia num buraco de sua toca. Quando ele tirava a sesta, aquele vinha e lhe roía a juba. Acontece que os leões grandes e poderosos são incapazes de caçar ratos; em contrapartida, gatos ágeis o são; desse modo, ali estava a base para uma amizade sólida e talvez agradável.Bastou a presença do gato para manter o rato afastado, e assim o leão poder dormir em paz. O pequeno roedor não fazia o menos barulho porque o gato estava sempre alerta. O leão premiava seus serviços com farta alimentação engordando, sem delongas, seu ministro.Mas um dia o rato fez um ruído e o gato cometeu o erro fatal de agarrá-lo e devorá-lo. Desaparecido o rato, desapareceu também o favor do leão que, já cansado da companhia do gato, sem nem mesmo lhe agradecer, devolveu seu competente ministro à selva, onde teria que enfrentar novamente o perigo de morrer de fome.Máxima final: “Cumpre tua tarefa, mas sempre deixes algo por ser feito. Através desse algo permanecerás indispensável.”
Fábula Indiana

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